terça-feira, 23 de novembro de 2010

Carta nº 3

Pequena,


 Encontrei alguém que me lembrou muito você. Os olhos. O sorriso. Pude sentir o coração trincar ao ver que roubaram aquele sorriso solto que deveria ser só seu. Desculpa, mas eu me encantei também com o seu sorriso em outra pessoa. Me encantei em ver a sua alegria e inocência nos olhos de outro pequeno.

 Não que seja muito parecido. Apenas, lembra. Mas a saudade que eu sinto de você me faz te ver nos pequenos gestos suaves dos outros. E olha que você não é lá tão suave. Suave é algo que não tem muito a ver com você. Você é forte, geniosa, tempestiva, impetuosa. Um furacão. Furacão Laura.

 E por assim, furacão, é que você faz tanta falta. Porque depois do furacão não sobra mais nada no lugar.


Hoje, eu sou alguém que desencontrou você.


Com todo o meu amor.

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Carta nº 2

Pequena,


 Eu penso muito em você. Fico lembrando do tempo em que convivi contigo. Do tempo em que eu sabia quem era você. Como era você.
 Então, me pego pensando que você está do mesmo jeito, exatamente igual como naqueles dias. Que você é briguenta e birrenta. Ah, isso você era, e muito. Que faz bico, como eu, quando está com zangada. Que odeia peixe, como eu. Que é a magrelinha mais fofa que eu já vi. Que adora sorvete e macarrão. Que vive dando foras nos outros desde que aprendeu a falar...

 Parece uma miniatura minha. A miniatura da miniatura.

 Não, você já deve ter mudado muito. Espero que você tenha mudado. Mudar é bom, experimentar é bom. Faz com que você entenda do que gosta e do que não gosta. Caso contrário, até hoje seu sorvete predileto seria flocos. E eu posso apostar que não é mais.


Hoje, eu sou alguém que imagina você.


Com todo o meu amor.

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Carta nº 1

Pequena, 


  Você não vai entender nada disso agora, eu sei. A intenção é que você leia estas coisas daqui um tempo e possa ver como eu era, como eu costumava ser hoje.  
  Bem, hoje eu não sei onde ou como você está. Só sei que eu sinto muito a sua falta e você nem lembra de mim. E ainda não vai lembrar por um bom tempo. Talvez nem lembre. 
  
  A primeira vez que eu te vi, juro, tive medo de te pegar no colo. Confesso que eu não estava muito confortável naquela situação, mas aquele sorriso banguelo me desarmou totalmente. Você era tão pequenininha, tão frágil que eu tive vontade de te proteger do resto do mundo. Sei que eu não posso fazer isso. E, agora, muita coisa deve ter te acontecido. Muita gente deve ter te machucado, com ou sem intenção de fazer isso. Da mesma forma que aconteceu comigo e com um bando de gente. Mas, nunca deixe de confiar nas pessoas, como eu mesma não deixei. Ainda vale a pena, meu amor, pode acreditar. Continue confiando e amando, sempre.


Hoje, eu sou alguém com saudade de você. 


Com todo o meu amor.