quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Carta nº 2

Pequena,


 Eu penso muito em você. Fico lembrando do tempo em que convivi contigo. Do tempo em que eu sabia quem era você. Como era você.
 Então, me pego pensando que você está do mesmo jeito, exatamente igual como naqueles dias. Que você é briguenta e birrenta. Ah, isso você era, e muito. Que faz bico, como eu, quando está com zangada. Que odeia peixe, como eu. Que é a magrelinha mais fofa que eu já vi. Que adora sorvete e macarrão. Que vive dando foras nos outros desde que aprendeu a falar...

 Parece uma miniatura minha. A miniatura da miniatura.

 Não, você já deve ter mudado muito. Espero que você tenha mudado. Mudar é bom, experimentar é bom. Faz com que você entenda do que gosta e do que não gosta. Caso contrário, até hoje seu sorvete predileto seria flocos. E eu posso apostar que não é mais.


Hoje, eu sou alguém que imagina você.


Com todo o meu amor.

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